sábado, 11 de junho de 2011

Você já ouvir falar em pintura de tecidos com blocos de madeira talhados à mão?

A pintura usando blocos de madeira é um ofício pouco conhecido no ocidente, mas amplamente utilizado para a criação de lindos padrões em tecidos no oriente. Participam neste processo o artista que desenha o padrão, o artesão que o esculpe na madeira em blocos usando ferramentas próprias, o estampador que com suas mãos firmes e olhar certeiro geometricamente alinha as estampas para formar o tecido final, e as mulheres que realizam o acabamento do tecido. Um processo muito bonito e cheio de vida.


O padrão do desenho, normalmente criado pelo designer do tecido, é desenhado na madeira usando uma agulha bem afiada. Em seguida, o padrão é talhado na madeira pelo artesão usando formão, martelo e outras ferramentas específicas. O tecido é então estendido em grandes mesas e manualmente são feitas as impressões usando estes blocos de madeira talhados de forma tão bonita. 


Há duas maneiras de pintar usando blocos de madeira talhados à mão. Na impressão direta, o bloco é imerso na tinta e depois carimbado no tecido diretamente. Na impressão indireta, é usado um material impermeável como cera ou resina para carimbar e o tecido é depois mergulhado na tinta. A imagem que estava no bloco fica como negativo e aparece no reverso do tecido.  

Continuamente, o bloco é mergulhado na tinta e depois carimbado no tecido pelas mãos hábeis do artesão têxtil até ir formando o padrão final do tecido. Alguns tecidos utilizam dois ou três blocos de madeira diferentes para cada cor que está sendo pintada no tecido. 

O resultado pode ser visto abaixo, lindos padrões que mostram a delicadeza de sua fabricação e a alegria de suas cores.


Padrão "Yejiju" pintado com blocos de madeira sobre seda pura

Padrão "Clara" pintado com blocos de madeira sobre linho

Padrão "Mariposa" pintado com blocos de madeira sobre percal 300
A cabeceira da cama é forrada de Sari Indiano antigo de seda pura pintado à mão

Estes tecidos e muitas outras peças de original beleza podem ser encontradas na Ghazal Fine Arts: facebook.com/ghazalfinearts


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Quem bordava os suzanis?

Os suzanis originais não são produtos comerciais, são peças pessoais feitas para serem usados como enxoval e decoração. Durante o processo de fabricação de um suzani, raramente a bordadeira é quem fazia o desenho. O mais comum era que, durante a preparação do enxoval da menina, o tecido fosse levado à uma mulher mais velha conhecida como Kalamkash, que era a desenhista local. O padrão era desenhado diretamente sobre o tecido. A medida em que a seda se desgasta nos suzanis antigos, frequentemente é possível ver estes contornos desenhados no tecido.


Os suzanis eram bordados em tiras separadas de algodão, linho ou seda geralmente também tecidas em casa. Depois de desenhado o padrão sobre estes tecidos, as tiras eram divididas para serem bordadas por diferentes mulheres membros da família. O resultado é que os padrões do suzani podem aparecer levemente desalinhados ou assimétricos e não é raro encontrar tonalidades de cor variantes entre as tiras, já que dois lotes de corantes naturais nunca saem iguais. Além disso, as mulheres gostavam de bordar detalhes que se tornavam seus "toques pessoais" à peça e que ignoravam o esquema de cores oficial, agregando charme e personalidade ao trabalho.

A linha usada nos bordados é normalmente de seda pura e algumas vezes de algodão. Nas peças mais antigas, o tingimento era totalmente natural usando índigo para o azul, cochonilha e garança para o vermelho, açafrão para o amarelo, casca de romã ou pistache com ferro para o preto.


Os suzanis antigos se mantiveram guardados em lares do Uzbequistão durante o domínio da União Soviética e recentemente foram descobertos pelo público Ocidental. Apesar de que hoje em dia se fabricam suzanis modernos manuais e industriais com tingimentos baseados em anilina e fios sintéticos, o charme e a história impregnada nos suzanis antigos fazem destas peças uma obra de arte que guarda em cada ponto do bordado um detalhe, uma intenção e um desejo na história de vida destas mulheres da Ásia Central.